18.12.09

Espiritismo, Fantasmas e Almas Reencarnadas


Como Falar Com os Mortos

Uma família vivia numa quinta humilde próxima da aldeia. Nessa noite, no quarto familiar, a filha mais nova mantinha uma conversa estranha: “Ouve, Splitfoot (um dos nomes que se dá ao diabo na Nova Inglaterra), faz o que eu digo.” Divertida, bateu palmas ao mesmo tempo que dizia: “Conta: um, dois, três!”. Soaram três pancadas que pareciam vir de todos os pontos do quarto.
A mãe assustada, porque se repetia noite após noite, perguntou: “És um espírito, por acaso? Se fores, dá três pancadas.” Assim, acabava de nascer a comunicação com os mortos.

Foi esta a origem do espiritismo moderno: uma mãe assustadiça e um par de meninas brincalhonas. Tornou-se um negócio, a espiritomania, que se alastrou para o continente europeu.
Uma terceira irmã, muito mais velha do que elas, viu ali um negócio. As mais novas, sábiamente dirigidas por ela, espantaram uma aldeia que se entusiasmava com a possibilidade de falar amigavelmente com os seus mortos.
Embora possa parecer incrível, esta história não foi mais do que a travessura de umas meninas que decidiram assustar a sua crédula mãe fazendo passar por pancadas de espírito o bater dos dedos dos seus pés na beira da cama.
Para os devotos da religião espírita, criada pelo pedagogo francês Allan Kardec, a sociedade não podia aceitar que fora alvo de uma partida.
O espiritismo moderno é mais uma das respostas que o ser humano procura para enfrentar o medo do inevitável. Para o ser humano é inaceitável pensar que tudo termina com a morte e nada sobrevive. Não se pretende encontrar solução para a morte, procura-se antes, algo que tranquilize.
Todas as culturas falam de um Além misterioso sobre o qual nada se sabe, porque ninguém voltou para contar. Apesar disso, alguns continuam a procurar essa outra vida.
Mais de 150 anos de investigação não conseguiram obtêr qualquer prova convincente da existência de uma vida depois da morte. Continua a ser uma questão de fé, pelo que cada um pode tirar as suas próprias conclusões.
Lumenamena

10.12.09

Enterrados Vivos


O Estranho Fenómeno da Morte Aparente

Abrir os olhos dentro de um caixão, dois metros abaixo do solo, é um dos medos mais primitivos do ser humano.
Já aconteceu alguma vez?

Uma mulher gorda que adorava beber brandy, sentiu-se mal disposta e pediu ao farmacêutico que lhe preparasse água com papoilas, um sonífero. Bebeu-a toda e, por isso, caíu num sono profundo. Esteve deitada sem se levantar durante 48 horas, se é que voltava a acordar. O marido da senhora, queria adiar o enterro até ao seu regresso, mas familiares e empregados, temendo o mau cheiro que poderia provocar um corpo tão grande, convenceram-no a enterrá-la no dia seguinte.
Durante o funeral, um dos carregadores disse, meio a brincar, que deviam ter feito o caixão demasiado pequeno, pois sentia a morta a mexer-se, certamente por não conseguir encontrar posição dentro dele.
Dois dias mais tarde, uns miúdos estavam a brincar no cemitério, quando ouviram uma voz vindo da sepultura. Ao aproximarem-se ouviram: “Tirem-me do caixão!”. Foram a correr contar ao professor, mas este repreendeu-os por estarem a fazer pouco dele.
Na manhã seguinte, as crianças voltaram ao cemitério e ouviram de novo os gemidos fantasmagóricos. Aterrorizados, falaram de novo ao professor, que desta vez os levou a sério. Quando pediu ao encarregado que abrisse a sepultura, este negou-se, alegando que só podia fazer por indicação do padre. As horas passavam, mas ao fim da tarde decidiram exumar o cadáver. Ao levantar a tampa, encontraram o corpo amassado e ferido, em consequência da sua luta pela sobrevivência. Já não apresentava sinais de vida. Os guardas repuseram a tampa do ataúde. Ao abrir o caixão, na manhã seguinte, descobriram um quadro ainda mais horroroso: a mulher tinha voltado a viver, rasgara o véu que a cobria e tinha-se arranhado em múltiplas partes do corpo e batido na cara até ficar coberta de sangue. Desta vez sim, tinha morrido.

Este é o relato verídico do enterro prematuro mais famoso de todos os tempos. Curiosamente, persiste a tradição de no cemitério ter sido enterrada uma mulher viva, pelo que o lugar está assombrado, em Inglaterra.
O medo de ser enterrado vivo é um dos grandes temores do ser humano.
O problema fundamental é que, em certas ocasiões, determinar a morte é muito difícil. Com uma temperatura corporal de 20 graus, o organismo necessita apenas de 15 por cento do oxigénio que usa normalmente, e pode ser menos se acrescentarmos uma ingestão excessiva de barbitúricos com efeito depressivo no sistema nervoso central. Neste estado registam-se menos de dez pulsações cardíacas e duas ou três respirações por minuto. É impossível detectar o pulso ou a respiração, e o electrocardiograma para certificar a morte em casos difíceis, também falha, ou seja, é muito possível que não apareçam sinais de actividade cerebral.
Parece que a única prova de que alguém está realmente morto é o cheiro a cadáver, produzidos por duas moléculas de nomes curiosos! Putrescina e cadaverina.

Lumenamena

7.12.09

Animais

Casacos de Peles
Estou numa sala de espera de um médico, folhear uma revista feminina, sobretudo as mais luxuosas, passo rapidamente à frente tentando não ver, aqueles anúncios de página inteira em que se utilizam todas as técnicas de sedução que a côr proporciona. Aquelas em que se pavoneiam criaturas femininas dentro de sumptuosos casacos de peles. Estas mulheres, que qualquer olhar penetrante vê a escorrer sangue, ostentam os despojos de criaturas que respiraram, comeram, dormiram, se acasalaram em jogos de amor, amaram os filhos, por vezes a ponto de morrer por eles, e morreram de dôr, quer dizer com dôr, como nós morremos, mas elas mortas por selvajaria humana.
O que é pior é que muitas dessas peles vêm de animais cuja raça, milhares de anos mais velha que a nossa, está em vias de extinção se nada fizermos para o evitar, e ainda antes que essas amáveis mulheres comecem a ter rugas na cara. A todos nós que dedicamos esforços e dinheiro (embora nunca o suficiente, quer de uns quer de outros) para tentar salvar a diversidade e a beleza do mundo, esses massacres repugnam-me. Não ignoro que essas mulheres são manequins, que se enfeitam desses escalpes porque é o seu ofício, como outras vezes se adornam com um soutien ou umas calcinhas chamadas tanga em honra de uma explosão atómica (mais uma agradável associação de ideias). Estas inocentes que fazem o seu trabalho (mas que sem dúvida não desdenhariam possuir aqueles casacos), nem por isso representam menos uma legião de mulheres, as que sonham com esse luxuoso inacessível ou as que, possuindo-o, o exibem como prova de fortuna e de estatuto social, de êxito sexual ou de carreira ou ainda como um acessório que as faz sentir mais seguras da sua beleza e do seu charme.
Tiremos a essas mulheres o seu último trapo-desculpa. Hoje em dia, vivam elas em Paris ou na Gronelândia, não precisam dessas peles para se aquecer. Muito boa lã e boa fibra abundam por aí para conservar e irradiar o calor para que elas não se vejam obrigadas a transformar-se em animais felpudos, como terá sido o caso na Pré-História.
Estou a atacar as mulheres, mas os caçadores são homens e os peleiros também. O homem que se orgulha de entrar num restaurante com uma mulher envolta em pêlos de animal eriçados, será um homem muito típico, mas não necessariamente um Homo sapiens. Neste domínio como em tantos outros, os sexos equivalem-se.
Lumenamena

4.12.09

Poetisa Persa

Forough Farrokhzah

Forough Farrokhzad, era iraniana, nasceu em 5 de Janeiro em Teerão, oriunda de uma grande família, a terceira de sete filhos. De seus parentes, onde até hoje, sairam muitos intelectuais, exilados e artistas. Ela era uma mulher livre para o seu tempo, viajava para o exterior, e entrava em contacto com novas correntes, da poesia. Era uma mulher rebelde. Não usava o véu islâmico, (se bem que no Irão pré-Revolução Islâmica, somente as mulheres pobres é que o faziam).

Revolucionou a literatura persa contemporânea, e algumas das suas poesias, até hoje, são muito admiradas pelos iranianos.
Casada aos 17 anos, divorciou-se dois anos depois de levar uma vida solitária interrompida, ficando independente de aventuras amorosas. Aos 27 anos, dirigiu um filme intitulado "Khan ast Suspiro" (a casa é preta). Ela também se dedicou à pintura. Mas, é sobretudo através da sua poesia, que deve a sua fama. Os temas dos seus poemas não têm cariz filosófico ou político. É a primeira poeta iraniana, que expressa numa mulher com a coragem que implica, arrependimentos, alegrias, tristezas, dúvidas e sonhos.
Ela adorava a velocidade, como adorava a vida e a estrada. Morreu repentinamente aos 32 anos, num acidente de carro. Dirigia numa manhã, no regresso da casa de sua mãe, quando fez desviar o seu automóvel, para que não chocasse contra um autocarro escolar, cheio de crianças. Um acto heróico.
Ela era uma mulher triste, pensava muito na vida, teve um filho que ficou com o primeiro marido, após a separação.
Para aqueles que querem ir mais longe, Forough Farrokhzad, tem o seu próprio site: (http://www.forughfarrokhzad.org/), e uma colecção dos seus poemas publicados recentemente na conquista francesa do jardim: poemas 1951-1965.
Homenageio esta mulher com um trajecto de vida cheio de coragem e força, para ser uma mulher diferente.
A paz esteja com ela.
Lumenamena

2.12.09

Mais Tarde


A minha morte chegará um dia
Um dia na primavera, luminoso e gracioso
Um dia de inverno, poeirento, distante
Um dia vazio de outono, desprovido de alegria
A minha morte chegará um dia
Um dia doce-amargo, como todos os meus dias
Um dia ôco como o que passou
Sombra de hoje ou de amanhã
Os meus olhos adaptam-se à penumbra dos pátios
As minhas faces parecem frio, pálido-mármore
Súbitamente o sono arrasta-se sobre mim
Livro-me de todos os gritos dolorosos
Lentamente minhas mãos deslizam sobre anotações
Que chegaram até mim debaixo do feitiço da poesia
Relembro que outrora em minhas mãos
Retive o sangue flamejante da poesia
A terra convida-me para os seus braços
As gentes reúnem-se para me sepultar aqui
Talvez à meia-noite os meus amantes
Coloquem sobre mim coroas de muitas rosas.

Autoria: Forough Farrokhzad (1934-67), poetisa persa
Enviado pelo amigo Abdoul Hakime Goul Djounoubi, blog http://aflordosul.blogspot.com/

28.11.09

Sobre a Vida


Viver não é passar, mas é ser

Julgamos ser coisa simples pensar na vida. Muitas vezes, ficamos a pensar no que nos tem acontecido, revemos os nossos actos, fazemos planos para o futuro. Imaginamos um outro caminho, que poderíamos ter seguido, imaginamos o que gostaríamos que nos acontecesse de futuro. E julgamos com isto que pensamos na vida. Pensar na vida, no entanto, não é assim tão simples.
Não será que vivemos presos a uma falsa imagem do real?
Não contemplamos em geral a própria realidade, mas apenas as imagens, que estão para o real, como a sombra de um objecto para o próprio objecto. Para concretizar este facto, nos agarramos à “alegoria da caverna”, onde vivemos acorrentados, numa caverna, voltados para o seu interior e a luz que nela penetra, projecta sobre as suas paredes interiores sombras dos objectos reais, desta forma, vemos as sombras projectadas, e julgamos que estas sombras são a realidade. Poderemos criticar a concepção de Platão, mas continua essencialmente válida. A “alegoria da caverna” é para nos libertar da visão espontânea e superficial, e nos conduzir a outra visão do mundo.
Quando pensamos… a vida não se trata apenas de recordar o passado ou imaginar o futuro. Trata-se, sobretudo, de julgar a nossa participação na existência, de decidir a nossa vida em função de uma consciência, e de uma responsabilidade assumida, de existirmos como seres livres, de direito e nem sempre de facto.
Há uma expressão que se repete permanentemente, “na estrada da vida” . Se fosse apenas uma expressão literária, e não haveria problema. Existe um problema, no entanto, e grave. É que pensamos a vida como uma estrada. E aí está mais uma tendência para pensar em termos de imagem e de espaço físico.
Nascemos, crescemos, aprendemos a andar. Andamos por ruas, andamos por estradas, andamos por caminhos, andamos por florestas, abrindo trilhos. Ficamos com a ideia de que a vida é uma estrada por onde passamos, por onde outros já passaram e por onde outros passarão. E aí está, porque somos incapazes de pensar convenientemente a vida.
Viver é ter a consciência de construir a própria vida. Viver é caminhar, certos de que existe um caminho anteriormente traçado na existência. Cada passo que damos abre um caminho, cada escolha que realizamos aprisiona-nos e fortalece-nos, porque é uma auto-determinação. O modo porque vivemos constrói a expressão do que somos e do que nos fazemos ser. Pensar a vida não é pensá-la em termos de caminho que percorremos, porque viver não é passar, mas é ser. Desta forma, a vida aparentemente mais simples pode ser a mais heróica, tudo dependendo da intensidade de vida com que o nosso ser se realiza no seu modo de ser.
Lumenamena

24.11.09

Sobre a Morte


O Último Suspiro

Morremos porque nascemos.
O que acontece nesta última etapa?
O final aproxima-se e começo a notar que as coisas mudam. Custa-me cada vez mais manter-me acordada e tenho muita pouca força. Sou incapaz de mexer um dedo, sequer; estou fraca, muito fraca. Têm de me deitar. Eu que toda a vida fui tão activa, agora dependo dos outros. É deprimente. O pior é que tenho de me esforçar de forma indizível para estar atenta ao que me dizem. Tenho sono muito sono. Estou tão cansada…
Abri os olhos. Parece que estive vários dias em coma. É curioso, ouvia um familiar a ler-me o jornal. Não sei o que dizia, mas ouvia-o. Tinha lido que os moribundos (sim, mesmo que me custe, é esse o meu estado, a pessoa acaba por ter de o assumir) são capazes de ouvir quando entram em coma.
Não respiro bem. Há momentos em que faço muito depressa e outros em que deixo de o fazer, e isso assusta-me. Dizem-me que estive um minuto sem respirar. Esta fraqueza está a matar-me.
O médico receitou-me oxigénio; faz-me sentir um pouco melhor, mas sei que não vai prolongar a minha vida.
Às vezes, parece-me que não estou deitada na minha cama; é como se estivesse noutro lado, indefinido. De certeza que é por causa desses malditos calmantes. O intestino acostumou-se a não ter trabalho e custa-lhe lembrar-se para que serve.
O susto que apanharam quando viram que a urina estava castanho escura! A enfermeira tranquilizou-os: os rins trabalham pouco, não filtram apropriadamente e por isso fica muito concentrada. Fiz de conta que não os ouvia, mas percebi claramente que ao aproximar-se o momento da morte os rins deixam de produzir urina. Sinto-me cansada. Vou dormir um bocadinho. Acordo e olho com esforço para o relógio que está pendurado no outro lado do quarto. Obrigo-me a isso, a estar pelo menos durante uns minutos em contacto com o limitado mundo que me rodeia. Raios! É pior que ser bebé.
As minhas pernas estão pálidas e avermelhadas. É difícil respirar. Sinto a respiração húmida. Parece-me que tenho os pulmões inflamados. Algo se passou enquanto dormia, pois já não controlo a bexiga e os intestinos. Parece-me que o cérebro começa a falhar como um carro velho, que não sabe manter a temperatura e aquece e arrefece quando lhe dá na gana. Agora tenho calor.
Estou a morrer, mas não me importa. Só quero descansar e que tudo isto acabe.

Esta descrição é o que pode acontecer-nos no momento em que tudo termina. O processo é tão variável como nascer, mas os doentes terminais experimentam sintomas semelhantes aos descritos, independentemente do tipo de doença de que sofram.
As mudanças emocionais que sofremos nos nossos últimos momentos, são os preliminares do que está para chegar, do mesmo modo que o corpo se prepara fisicamente para a morte, também a nossa mente o faz.
O que acontece a seguir?
O corpo começa a arrefecer, empalidece e os músculos relaxam-se. O sangue desloca-se até encharcar as zonas em contacto com o solo e começa a coagular. Passadas três horas, os músculos começam a rigidificar, depois do falecimento e desaparece após três dias, dependendo da temperatura ambiente.
Passadas as 24 horas, o corpo começa a mostrar sinais de putrefacção devido ao ataque de bactérias, fungos, insectos e parasitas. Passados poucos dias já só existem os ossos.
Não é caso para ficarmos preocupados, milhões de células do nosso corpo morrem a cada minuto, mas muitas delas “suicidam-se”, usando o que é uma forma programada de morte celular. Uma falha no funcionamento normal deste mecanismo, desempenha um papel muito importante no cancro e nas desordens neurodegenerativas. Com isto, as células não se dividem eternamente. No ser humano é de cerca de 50 divisões celulares.
Apesar de a morte ser uma consequência inevitável da vida, não queremos desaparecer e incomoda-nos que o mundo continue a existir sem nós, daí a famosa teoria dos cinco estados prévios à morte (negação, ira, zanga, depressão e aceitação). O momento da morte não é nem terrível nem doloroso, mas sim uma paragem tranquila do funcionamento do corpo.

Observar a morte lembra-me a visão de uma estrela fugaz, num imenso céu, uma delas brilha mais do que qualquer outra durante uns breves momentos, para depois desaparecer para sempre na noite infinita.

Não será demais recordar as palavras de Garcia Lorca: “Tal como não me preocupei ao nascer, também não me preocupo ao morrer”.
Lumenamena

14.10.09

Já Podemos Ler o Pensamento


Descobertos os Mecanismos Cerebrais Envolvidos


Os seres humanos têm a capacidade de adivinhar o que os outros pensam.
Somos sem margem para dúvidas, criaturas telepáticas, capazes de adivinhar as intenções e sentimentos, assim como atribuir objectivos e opiniões a quem temos à nossa frente.
De todos os seres vivos, apenas o homem possui aquilo que os cientistas designam por "teoria da mente", isto é, a capacidade de inferir os propósitos e as intenções de outras pessoas, e até de animais.
Durante séculos, filósofos, psicólogos, cientistas e neurologistas procurarm compreender os pilares biológicos da teoria da mente. Outros preferiram seguir o caminho da parapsicologia e surgir como defensores da telepatia (a comunicação de impressões de qualquer tipo de uma mente para outra, efectuada independentemente das vias sensoriais comuns). Hoje, a ciência sabe que a leitura do pensamento não implica qualquer poder especial ou energia sobrenatural.
Os psicólogos descobriram que o homem não nasce com uma teoria da mente pré-estabelecida, mas que esta vai sendo modelada durante os primeiros anos de vida e ganha forma precisamente quando a criança adquire a linguagem e uma conduta social adequada. Não se trata de um acaso, a linguagem não teria sido possível sem a capacidade de ler o pensamento.
Como se desenvolve o engenho de se "ler" entre si? Em regiões da nossa massa encefálica reside essa capacidade, que surgiu nos nossos antepassados hominídeos para antecipar as intenções das presas, assim como as dos respectivos predadores.
Nos finais dos anos 70, propôs-se estudar se os chimpanzés eram capazes de atribuir ou imputar certos estados mentais a outros membros da sua espécie e mesmo ao homem. Chegou-se à conclusão de que os nosso primos evolutivos possuíam, efectivamente, uma teoria da mente.
Um olhar, um gesto de mãos, um ligeiro movimento do corpo ou um suspiro podem ser uma valiosa informação que o cérebro aproveita para descobrir o que a outra pessoa pensa e quais as suas intenções.
As pessoas autistas mostram sérias dificuldades em resolver questões como a do barco dos piratas. Uma prova desta inaptidão para ler o pensamento é proporcionada por um teste que recorre a figuras geométricas animadas. Os indivíduos normais entendem facilmente quando essa figuras se comportam como humanas, por exemplo: quando dois triângulos expulsam pela força um círculo para fora de um quadrado. Todavia, os autistas, mesmo os mais inteligentes, são incapazes de distinguir entre movimentos intencionais e colisões fortuitas.
A incapacidade dos autistas para entender e reconhecer as emoções é devido a um défice selectivo na teoria da mente.
A zona em questão, é formada por um grupo de neurónios situado por cima dos olhos. Essa área é considerada uma espécie de "porta de entrada" da mentalização, pois separa a nossa mente de qualquer outra, permite saber que alguém tem uma perspectiva diferente da nossa.
Lumenamena

3.10.09

O Cérebro Moribundo


Sensação de Calma, Revisão da Vida, Luz Brilhante...
Num momento angustiante em que pensamos que vamos morrer, não sentimos ansiedade nem desespero, nem dôr, mas sim uma calma grave, uma aceitação profunda, uma agilidade mental dominante e um sentimento de segurança. O tempo demora a passar. Em muitos casos, acontece uma revisão repentina do passado, ouve-se uma música agradável e senti-mo-nos a vaguear por um céu azul com nuvens côr de rosa.
Com a morte próxima: O tempo passa mais devagar e tudo acontece em câmara lenta, invade-nos uma sensação de calma, sem emoções, apesar da percepção do perigo.
É possível que estas sensações sejam parte de um mecanismo nervoso face ao perigo. Em particular, a despersonalização intensifica o estado de alerta e amortece as emoções desorganizadoras, o que explica a sensação de calma enquanto se luta por sobreviver.
Li o livro "Vida Depois da Vida", o seu autor, Raymond Moody Jr., tinha sido professor de filosofia e nesse momento estudava medicina. Sem grandes pretensões, a maior parte do livro é dedicado aos testemunhos de pessoas que tiveram experiências próximas da morte (EPM). No livro aparece a sequência de factos, supostamente prévios à entrada no Além: uma sensação impossível de descrever, ouvir o anúncio da própria morte, um sentimento de paz e tranquilidade, um ruído, entrar num túnel escuro, sair do corpo, o encontro com familiares falecidos; o ser luminoso, a revisão da vida, a fronteira e o regresso. Estes passos, ou a maior parte deles, são vividos somente por 10% de pessoas que sofriam uma EPM, experimentam a entrada na luz, ou seja, têm uma EPM completa.
Com os hindus, é diferente. Os ocidentais desejam ficar nesse mundo feliz, enquanto os orientais, assustados, preferem voltar. O mesmo se passa com a visita de familiares na cultura ocidental, costuma ver-se uma mulher, enquanto na hindu aparece um homem.
Em África, as EPM não coincidem em quase nada com as dos países ocidentais: "Fui a um lugar onde encontrei muita gente vestida de branco e a cantar. Pareciam muito felizes. Quando apareci, deixaram de cantar e alguém disse: Eh! Não estamos à tua espera. Lamento. Dei meia volta e vim-me embora. Pude ouvi-los a começar a cantar quando já me tinha afastado. " Experiências diferentes têm também no Oriente, por exemplo, na Melanésia, as pessoas afirmam que andaram por um campo de flores e que um homem lhes deu a mão e as levou para uma aldeia.
O curioso é que se podem induzir EPM, sem estar a ponto de morrer. Num tanque de isolamento sensorial (um contentor onde a pessoa fica privada de qualquer sinal exterior ao seu corpo), produzem-se fenómenos visuais idênticos. A quetamina, um anestésico utilizado durante a guerra do Vietmane, foi abandonada pelos efeitos secundários que provocava: sensação de saída do corpo e visão de luzes brilhantes. Injecções intravenosas de quetamina provocam quase todas as sensações de uma EPM. A psicóloga Susan Blackmore conseguiu ter uma EPM em condições de cansaço extremo, depois de fumar haxixe.
As EPM não são um objectivo prioritário de investigação e realizaram-se poucos estudos sérios sobre o assunto. A influência da cultura, o papel desempenhado pelo tipo de processo que leva a esse estado, os efeitos secundários dos medicamentos apontam para um processo do cérebro moribumdo. Talvez sejam um estado mental de quem nada pode fazer para aumentar a sua probabilidade de sobreviver a uma crise, uma forma de acalmar o sistema nervoso e conservar a energia. Seguramente, a explicação não reside num fenòmeno, mas na soma de vários: fisiológicos, bioquímicos, psicológicos... O tempo o dirá.
Lumenamena

10.9.09

Experiência Corporal


Viagens Astrais
Manipulamos a nossa percepção, e conseguimos nos induzir com a sensação de que abandonamos o corpo, e acreditamos que nos vemos a nós próprios. Uma pequena história: Durante a noite, após um acidente de viação, a ambulância levou para o hospital, uma jovem de 16 anos, já em estado de coma. Na altura de lhe entubarem e passar para a unidade de cuidados intensivos, a enfermeira tirou-lhe os objectos que tinha no bolso do casaco, e colocou-os numa gaveta.
Quando acordou, passado uma semana, disse ao médico: “sabe onde está a enfermeira, que tirou os objectos do bolso do meu casaco?”
A enfermeira pergunta-lhe: “Como é que sabe isso, uma vez que estava em coma?”
A jovem disse-lhe: “Estive a flutuar junto ao tecto, via os médicos e a mim própria. Tentava desesperadamente comunicar-vos que estava viva”. Deu uma descrição detalhada da sala e do pessoal médico, e lhes disse que desde então já não tinha medo da morte.
Este caso pode-se chamar de “experiência corporal”. Essas experiências demonstram que se pode manipular a consciência, fazer crêr a outra pessoa que está noutro local do seu corpo.
A situação mais comum é a paralisia do sono, uma sensação de incapacidade de mover o corpo, (que eu própria já tive, ao adormecer), que pode surgir ao despertar ou ao adormecer.
Se a tecnologia da consciência se desenvolver suficientemente, seremos capazes de colocar uma pessoa num ambiente virtual e, enganar o seu cérebro ao ponto de fazer-lhe crêr que a sua realidade autêntica é aquela, e que o seu corpo real é a imagem que “sente” no mundo virtual.
Uma experiência deste tipo, normalmente tendemos a ignorar; que o próprio mundo real, a sensação que temos todos os dias, a toda a hora, não passa de uma criação do cérebro, tão manipulável como a do mundo virtual.
Lumenamena

30.8.09

O Mistério da Rainha Vermelha



Influente Esposa do Rei Maia Pakal II

Uma mulher passeia pelos templos de pedra da cidade maia de Palenque, no coração da floresta tropical da América Central. Enverga um traje enfeitado com botões de malaquite e, na cabeça, deformada desde a infância por rituais dolorosos, exibe un toucado de compridas penas de quetzal. A morte da rainha é chorada em todo o império e o marido dá uma ordem sem precedentes entre os maias: sepultar uma mulher dentro de um sarcófago, no interior de um templo. Estamos no ano de 672.
Quem será a dama que mereceu a honra de repousar num sarcófago, já que apenas foram descobertos, em todo o território maia, dois sarcófagos de pedra, pois a maior parte dos corpos era directamente sepultado na terra?
Decidiram baptizá-la com o nome de Rainha Vermelha de Palenque, devido à côr impressionante dos ossos. Porém, era preciso averiguar a sua identidade, pois tinham pelo menos três candidatas a ocupar o posto, todas associadas ao rei Pakal, o mais importante soberano maia: a mãe, Zak Kuk, a esposa, Tzakbu Ajaw, ou a primeira mulher que governou Palenque, Yohlik Nal.
As primeiras análises dos restos ósseos da mulher, cuja estatura era de 1,54 metro(bastante alta, para a época), permitiram deduzir que fora inicialmente amortalhada, devido ao facto de apresentar os tornozelos muito juntos, além disso tinha o crânio deformado.
Mais tarde com investigações às análises para datar os ossos com carbono-14, descobriram que o cinábrio se tinha misturado com a matéria orgânica. Em contrapartida, os ossos dos dois acompanhantes encontrados a seu lado não tinham vestígios de cinábrio, pelo que foi possível atribuir-lhes uma idade que os situava entre os anos 620 e 660. Com a extracção do material genético, os resultados foram categóricos: a Rainha Vermelha não tinha sido mãe, irmã ou filha de Pakal. A conclusão deixou como única candidata a mulher do soberano que morreu em 672, ou seja, a esposa Tzakbu Ajaw, devido possuir ceracterísticas diferentes com o perfil geológico de Palenque.
Foi uma personagem influente nas questões políticas.
Sabe-se que os frescos maias são quase os únicos que retratam as figuras como foram na vida real, em vez de reproduzirem, simplesmente, um rosto.
Lumenamena

11.8.09

Férias


Este blog está de férias, e regressa em Setembro.

27.7.09

Maria Superstar


A Mulher Mais Famosa da História

Milhões de pessoas prestam-lhe culto, estou a falar, óbviamente, de Maria "Mãe de Deus" pela Igreja Católica. Mas a verdade é que o Novo Testamento, a obra onde nos é apresentada pelo seu nome, nos diz muito pouco dela. De facto, após a morte do seu filho, Jesus, só surge mencionada uma vez no texto bíblico, quando se encontra com os discípulos em Jerusalém. Por sua vez a História guarda silêncio sobre a Virgem. Poderemos supôr que Maria não deve ter tido uma vida fácil. Na época em que viveu, deve ter sido conhecida por Miriam ou Mariam, possivelmente o seu verdadeiro nome, que era dado a uma em cada três raparigas. Maria uma mulher simples que viveu na obscura Palestina do sec. I, seria seguramente considerada como uma cidadã de segunda categoria.

Não existe uma imagem do rosto de Maria

Nenhum quadro revela como era o verdadeiro rosto de Maria. A seda e a côr azul que os artistas tradicionais vestiram a jovem Maria, seriam exclusivamente simbólicas, já que tais distinções estariam reservadas à nobreza ou aos cidadãos mais abastados. Pelo contrário Maria só usaria túnicas de lã ou de algodão, e cobria a cabeça com uma espécie de xaile. Na época os casamentos eram mais baseados em acordos económicos do que no amor, o que leva a supôr que houve, seguramente, uma diferença de idade entre a Virgem e o seu marido.
Para além do mito ou da realidade, a sua importância histórica foi e é indiscutível. Trata-se da única mulher, cujo nome, está referido no Corão. Seja como fôr, a história de Maria não termina com a sua morte. Embora não se saiba ao certo em que ano faleceu.

Símbolo Religioso de Primeira Ordem

A sua imagem tem aparecido milagrosamente por todo o lado. Perante quem defende a existência real dos casos, são incongruentes, quando não resultam directamente de uma fraude. Na verdade, o Vaticano só reconhece uma dezena destes factos em toda a história. Mas o certo é que, humana ou mitológica, Maria é, ainda hoje, uma personagem e um símbolo religioso de primeira ordem.

As Outras Mães da Humanidade

Tal como Maria, muitas divindades femininas anteriores ao Cristanismo, herdeiras de cultos pré-históricos à fecundidade e à terra, foram esposas, mães e virgens.
Entre elas:
Ishtar (2000 a.C.)
Ísis (3000 a.C.)
Deidades da fertilidade (7000 a.C.)
Vénus de Laussel (20.000 a.C.)
Lumenamena

18.7.09

Como o Mal Nos Atrai


O Lado Obscuro


Por que é que a morte nos enfeitiça?
Que estranho fascínio provocam em nós os assassinos psicopatas?
Porque é que algumas pessoas se auto-mutilam e outras se imolam às centenas nos rituais dos suicídios colectivos?

A profundeza da personalidade revela-nos o lado mais obscuro

Os ingredientes são sempre os mesmos: uma personagem maldita a quem invocar. Em algumas pessoas, esta necessidade de aventura mantém-se muito nas idades de pessoas abertas a novas sensações. Estas pessoas fogem da rotina e procuram experiências que os estimulem: drogas, viagens iniciáticas ou rituais religiosos.
O atractivo erótico do lado obscuro é uma constante na história da humanidade e é a explicação mais habitual que dão as pessoas, quando se lhes pergunta o que é que as levou a violar tabus. Respondem: a atracção pelo proibido.
A hipótese mais clássica afirma que uma emoção se produz quando temos uma mudança fisiológica e a interpretamos de uma determinada maneira.
Um exemplo: quando você sente que o seu coração bate com mais força e as mãos tremem um pouco, é temor, ansiedade ou alegria? É difícil saber.
Há outra razão que leva os seres humanos a criar zonas obscuras na sua mente: os traficantes do medo. A técnica é simples: trata-se de utilizar medos programados biologicamente (a morte, a escuridão, a loucura) e associá-los com o que interessa preservar, ou atacar.

O medo aprende-se?

Aqueles medos que acabam por fazer parte do lado obscuro, são genêticos ou aprendidos?
Watson é considerado o fundador do comportamentalismo e defende que qualquer pessoa, animal ou coisa pode acabar por produzir temor, se fôr associado a algo que dá medo previamente.
O medo do lado obscuro foi mudando com o tempo: o que se convertia em tabu entrava nele, e aquilo de que se podia falar aparecia à luz do dia.
Ainda hoje continua a haver coisas sobre as quais é difícil falar, como bem sabemos.
Lumenamena

12.7.09

Auto-Estima: Chave Para a Felicidade


Goste de Si Mesmo

Até que ponto a boa ou má opinião que se tem de si próprio é causa de fracasso escolar, delinquência ou toxicodependência?

A auto-estima é o produto das experiências vividas na infância e na adolescência, definida como uma percepção equilibrada dos nossos pontos fortes e fracos, isto é, o reconhecimento objectivo de nós próprios, aceitando os lados bons e maus da nossa personalidade.
Toda a gente sofre de baixa auto-estima em alguma ocasião. Isto acontece quando pensamos muito em nós mesmos, e analisamos insistentemente o que nos levou à situação em que nos encontramos. Sentimo-nos desprezados pela família, pelos amigos, e afasta-mo-nos de toda a gente. Não sorrimos com facilidade, nutrimos sentimentos negativos em relação a nós próprios. Estamos sempre cansados. Tendemos a nos isolar: preferindo ficarmos sózinhos. Mantemos a distância em relação aos outros. Mostramos dificuldades em estabelecer ou manter amizades. Evitamos olhar os outros nos olhos, temos problemas com o afecto genuíno, a confiança e a intimidade. Recusamos correr riscos. Mostramos comportamentos negativos e, em casos extremos, torna-mo-nos anti-sociais e violentos. Referi-mo-nos negativamente a nós próprios, mente, escondemos as nossas opiniões, e não perdoamos aos outros nem a nós próprios. Fazemos tudo isto sem que os outros se apercebam.

Estes são os sinais de sentimento de derrota.

Para elevarmos a nossa auto-estima, é preciso muito amor próprio. Assim triunfamos em todos os aspectos da vida. Acreditamos que somos seres poderosos, e que permanecemos na posse da verdade. Não é fácil, para os outros, fazê-las ver a razão, ou conseguir que dêem o braço a torcer. Existe um contra, visto esta auto-estima elevada, não nos ajuda nas relações sociais, porque nos oferece uma imagem de superioridade que pode provocar sentimentos de rejeição. O contrário também pode acontecer: existem pessoas que sentem uma forte atracção por este tipo de pessoas, embora seja conveniente, ao nível de casais, que o parceiro/a, também se sinta bem consigo mesmo/a, caso contrário corre o risco de anular-se.
Lumenamena

10.7.09

Qual o Exacto Momento

Qual o exacto momento
Em que morremos?
Em que amamos?
Em que ocorre aquele pensamento?

O momento em que
Olhando para o relógio
Tentamos parar o tempo.
Como se não existisse,
Como se não houvesse mais ócio.
No fundo é um mistério...
Como o futuro é passado...
Como o tempo corre mudo,
Impune à mudança que faz...
...que fez em paz
Como se nada mais houvesse.

Mas nada é tão amplo,
E tudo se resume a um segundo.
Agora estás sozinho...
Agora estás contente...
Rodeado de gente que conheces,
Agora... que não conheces.

Sentes medo,
Por saber que irás estar morto
Abandonado num templo,
Abandonado numa cova,
Já sem nenhum pensamento,
Já sem nenhum sentimento,
E, apenas, o tempo corre,
Sem nos dizer...
Qual o exacto momento.

Autoria de: Araújo Ascenso

5.7.09

Uma Viagem ao Mundo das Drogas


"5000 Anos A "Viajar"

O Homem tem uma longa história de convivência com psicotrópicos: há milénios que são usados para diversos efeitos, desde os rituais indígenas às animadas festas romanas.

Ayahuasca

Os índios da amazónia bebem este chá alucinogénico há mais de quatro mil anos, um hábito que chamou a atenção de portugueses e espanhóis assim que se instalaram na região, no século XVI. Durante estes quatro milénios, a bebida teve provavelmente a mesma receita: um cozido de pedaços da liana Banisteriopsis caapi.
O nome foi dado pelos índios quíchuas, do Perú: "ayahuasca" quer dizer "vinho dos espíritos" e, segundo eles, o chá dá poderes telepáticos e sobrenaturais. Na maioria dos casos, o chá é visto como uma divindade, mas a ayahuasca também serve para o prazer: muitos índios foram concebidos no final dos rituais.
A ayahuasca produz uma ampliação da percepção que faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as chamadas mirações. Os adeptos consideram esse estado como supramental "desalucinado" e de "hiperlucidez".

O poeta Allen Ginsberg quis experimentar o ayahuasca.
Ecstasy

Em 1912, um químico que investigava moderadores de apetite para a empresa farmacêutica alemã Merck desenvolveu um medicamento de nome impronunciável: a metilenedioxianfentamina, ou MMDA. Experimentou-a e sentiu uma leve euforia, mas arquivou a descoberta. Na década de 1960, o cientista norte-americano Alexander Shulguin procurava um remédio que estimulasse a líbido. Encontrou as notas da investigação da Merk e incluiu o MMDA na lista de mais de cem substâncias que testou em tratamentos psiquiátricos. A que obteve mais sucesso foi precisamente a MMDA, que ganhou a fama da "droga do amor". Os pacientes diziam que ela os ajudava a ser mais carinhosos; hoje, sabe-se que a droga estimula a produção cerebral de serotonina, responsável pela sensação de prazer.
Em Inglaterra, o ecstasy ficou conhecido como Summer of Love, ou "Verão do amor", o nome que os hippies deram.

4.7.09

Heroína

A substância foi descoberta em 1874, a partir de um aperfeiçoamento da fórmula da morfina Em 1988, começou a ser vendido como remédio para a tosse. Na embalagem, podia ler-se: "A dose mínima faz desaparecer qualquer tipo de tosse, mesmo a da tuberculose."
Mais tarde descobriu-se que, se fôr injectada, a heroína é uma droga de efeito rápido e poderoso, que provoca fácilmente dependência. Durante as crises de abstinência, os viciados têm alucinações, cólicas, vómitos e desmaios.
A heroína só tornou a aparecer nos Estados Unidos no início da década de 1970, quando os soldados norte-americanos que serviam no Vietname começaram a imitar os hábitos de consumo dos asiáticos. Estima-se que um em cada dez veteranos tenha chegado a casa viciado.
Haxixe

A pasta formada pelas secrecções de THC, o princípio activo da liamba, é consumida há milénios na Ásia; na China foram encontrados registos do seu uso medicinal em 2500 a.C.
O nome, no entanto, vem do árabe: "hashish" significa "erva seca". Ganhou este nome quando Hassan bin Sabbab, líder de uma seita xiita persa do século XI, reuniu os seus seguidores numa fortaleza para matar soldados das Cruzadas. Antes de entrarem em acção usavam a droga: eram os haschinchin, isto é, estavam sob influência do haxixe. Daí derivou a palavra "assassino".
Baudelaire, era um dos membros do Clube dos Haxixianos.

3.7.09

Ópio

A seiva leitosa extraída da papoila branca é consumido há cerca de 5000 anos no Sudoeste da Ásia, no Médio Oriente e em algumas ilhas do Mediterrâneo. Fez, inclusivamente, parte da mitologia da Grécia, onde era usada para venerar a deusa Demeter. A imagem da deusa ficou ligada à papoila, e os rituais que lhe eram dedicados incluíam o consumo da droga. O próprio nome do ópio vem do grego "opin" que significa "sumo".
LSD

O químico alemão Albert Hofmann trabalhava no laboratório Sandoz, em 1938, à procura de um medicamento para activar a circulação. Testava a ergotamina, o princípio activo do fungo do centeio, que ele próprio sintetizou e, ao qual chamou dietilamida. Tomou uma pequena dose e sentiu um efeito subtil, diz ver figuras fantásticas de plasticidade e coloração.
Só mais tarde o norte-americano Timothy Leary se encarregou de divulgar mundialmente o LSD. Ministrava a droga aos seus pacientes e recomendava-a aos alunos, até ser expuilso da universidade, em 1963.
Uma das principais atracções eram os espectáculos de rock para uma plateia encharcada em ácido fabricado por laboratórios clandestinos.
Liamba

A Cannabis sativa, originária da Ásia Central, é consumida há mais de dez mil anos. Os primeiros sinais de uso medicinal do cânhamo, outro nome da planta, datam de 2300 a.C.: foram descobertos na China, numa lista de fármacos chamada Pen Ts`ao Ching, um estudo encomendado pelo imperador Cheng Nong. Na Índia, por volta de 2000 a.C., a liamba era considerada sagrada.
No século XIX, a erva foi receitada à rainha Victória de Inglaterra, que fez um tratamento à base de liamba contra cólicas menstruais, indicado pelo médico real.
A liamba tem até um torneio anual, realizado nos Países Baixos: a Cannabis Cup, que avalia a qualidade da droga de todos os continentes. Porém, a sua comercialização não é livre: só pode ser vendida em cafés e estabelecimentos similares, e o limite por pessoa é de cinco gramas, o que dá para fazer cinco cigarros.

2.7.09

Crack

Obtido da mistura da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, leva em apenas alguns segundos a um estado de intensa euforia que não dura mais de dez minutos. Por isso quem experimenta quer sempre repetir a dose. O nome vem desse efeito rápido, que muitos consumidores descrevem como "estalos".
O consumo de crack teve um crescimento explosivo em meados da década de 1980, como alternativa barata à cocaína. Contudo, a droga também aparecia em festas de universitários e até de políticos.

1.7.09

Cogumelos

Há cerca de 30 mil tipos de cogumelos no mundo, mas só 70 provocam viagens. São os cogumelos alucinogénicos, com alcalóides que, quando ingeridos, provocam alucinações. No império romano, utilizava-se o Caesarea, consumido com vinho em festas que terminavam em orgias. Sob o efeito do cogumelo, as pessoas dançavam sem parar. Os físicos, que não sabiam que era o pão que provocava aquele efeito, diziam que a euforia era causada pela picada de uma aranha. Deram a essa sensação o nome de "tarantismo" (de tarântula), e dessas festas teria surgido uma dança famosa, a tarantela.

29.6.09

Cocaína

Quando chegaram à América, os espanhóis perceberam que os índios da região tinham uma adoração pela folha da coca. Pragmáticos e sempre práticos, passaram a distribuí-la aos escravos, para estimular o trabalho. Acontece que os brancos também tomaram gosto pela droga e as folhas chegaram à Europa. O psicanalista Sigmund Freud investigou os usos médicos da cocaína. Achava que a droga poderia servir de remédio contra a depressão e começou a experimentar. "O efeito consiste numa euforia duradoura. A pessoa adquire um grande vigor". Até que um dos seus pacientes, Ernst Fleischl, abusou e morreu de overdose.
No entanto os laboratórios continuam a produzir cocaína e a alardear as suas vantagens. Diziam que era "excelente contra o pessimismo e o cansaço"; às mulheres, dava "vitalidade e formosura".
Desde então, mesmo sendo ilegal, tem sido impossível acabar com ela.
O papa Leão XIII, falecido em 1903, era um grande apreciador de vinho de cocaína.

28.6.09

Peiote
Uma em cada dez das mais de 50 espécies de cacto têm propriedades alucinogénicas. A mais conhecida é a Lophophora williamsi, que cresce nos desertos do Sul dos Estados Unidos e do Norte do México. É usada em rituais há mais de 3000 anos, fazem um ritual em silêncio, agem como se estivessem diante de um veado, até acertarem na planta com uma seta. Quando regressam à tribo com o peiote, organizam rituais e celebrações sob o efeito da droga. Numa das cerimónias, a chamada "dança fantasma", os índios dançavam alucinados e diziam poder comunicar com os mortos. Francis Crick, que co-descobriu a estrutura do ADN em 1953, consumiu peiote várias vezes e gostou. O escritor inglês Aldous Huxley tomou mescalina, a substância alucinogénica extraída do cacto, e descreveu as suas viagens no livro The Doors of Perception: "Foi como tirar umas férias químicas do mundo real".
Fonte: Super Interessante